25 de fevereiro de 2008

No avião...


Arrivei recentemente de uma viagem em tom de mini-férias, e dei por mim, no avião de regresso, a assistir atentamente àquelas instruções extremamente bem interpretadas pelas hospedeiras de bordo.

Pergunto-me se estas senhoras (e senhores! mas as senhoras são ainda mais dramáticas...) - do alto dos seus saltos, olhos pintados, cabelo irrepreensivelmente bem apanhado e batom rouge vivo - frequentam aulas de iniciação ao teatro e interpretação dramática ou se tudo aquilo é talento natural... No fundo, o que elas nos estão ali a querer dizer, com a seriedade que a ocasião exige, é que, caso uma asa do avião onde estamos comece a arder violentamente ou um dos motores deixe de funcionar e o mesmo inicie uma queda a pique, atingindo, a uma velocidade vertiginosa, o alto mar, vindo-se a desfazer em pequenas placas de chapas metálicas, devemos:

1. Calmamente procurar o colete salva vidas debaixo dos nossos bancos;
2. Colocá-lo, em primeiro lugar e ordeiramente, nas crianças (rosa para as meninas e azul para os meninos), idosos e pessoas auto-INsuficientes;
3. Para quebrar o gelo e distrair os mais novos (e alguns adultos) devemos, ainda, colocar as máscaras de oxigénio, imitando um elefante ou qualquer animal pré-histórico, com sons alusivos;
4. De seguida, calmamente, atiramo-nos, por ordem alfabética do avião em chamas enquanto cantarolamos o hit “sabes que começou no “A”” da nossa Ana Malhoa;
5. Já no ar puxamos os cordelinhos laterais do nosso colete enquanto imitamos pequenas marionetas e fazemos passos de robot ou o moonwalk do Michael Jackson, sempre com um sorriso no rosto a pensar na pequenada!
6. Ao embater na água aconselha-se que se tape o nariz para evitar aquela sensação desagradável de água nas fossas nasais;
7. Ao voltar à superfície sugere-se que agarremos um dos pedaços do avião que reste do embate e nos deitemos tranquilamente em cima do mesmo enquanto aguardamos que as hospedeiras, extremamente bem treinadas para estas situações e que devem estar a retocar a maquilhagem, nos venham buscar.
8. Enquanto aguardamos devemos por creme protector dirivado aos raios solares nocivos.

Perante tudo isto só me resta perguntar... Porquê?! Não seria de maior utilidade entregarem, no início do voo, uma pequena oração do dia ou um walkman com músicas do padre Borga?


Apenas uma última palavra quanto aos coletes salva vidas: estou convencida que eles nem existem e que só ideia deles serve de consolo psicológico. A sério, já alguém viu algum?! Eu procurei o meu ainda em terra o e nem sinal dele! Também não perguntei... Não quis lançar o pânico... Das duas três: ou está muito bem escondido –o que denota uma inteligência fora de série de toda a tripulação, pelo que desde já a felicito, que, bem conhecendo a raça tuga, sabe que o mais provável seria serem gamados e vermos as nossas praias em plena época balnear cheia de putos semi-nus ou, os mais sofisticados, de cuecas a brincar com coletes salva vidas, enquanto os pais colocam óleo fula para proteger a epiderme), ou pura e simplesmente não existem! Há memórias de um dia se ter visto um, em França, mas não mais do que isso...

8 comentários:

Anónimo disse...

Ahaha! Há muito tempo que n soltava uma gargalhada destas!... Que grande sentido de humor! Brilhante!! - JT

Anónimo disse...

Rui Santos agredido no parque de estacionamento da SIC... acho q estás a dever dinheiro a algem, gigi! ve la se os gajos vao cobrar! abracito do tecnico um pouco louco, billyboy...;)

tiagugrilu disse...

Tb acho que o Gigi está por detrás disto... sempre ganhaste o tal euromilhões...!

LPL disse...

Em primeiro lugar, em face dos comentários precedentes, e aos quais já respondi em sede própria, resta-me referir que não fui eu que me disponibilizei em arranjar uns amigos que faziam o servicinho de borla!

Em segundo lugar, e é para isso que aqui estou, tenho que referir as desigualdades que ainda subsistem na sociedade portuguesa.
De facto, tenho que concluir que há portugueses de 1ª, os que andam de avião, e os de 2ª, que andam nas camionetes da rodoviária nacional. Já ando de camionete para cima de 10 anos, e não houve uma única viagem em que o motorista se tivesse levantado para indicar as saídas de emergência. E ainda hoje não sei como proceder em caso de despressurização ocorrida a bordo na camionete!

Srs. Legisladores, se me estão a ouvir, façam alguma coisa que esta situação é insustentável!

Anónimo disse...

Já agora digam-me que não sou o único passageiro com sérias dificuldades em decorar os 27 movimentos requeridos para uma correcta colocação do colete-salva-vidas. Puxa daqui, aperta ali, insufla acolá, duas voltas e meia atrás, amarras à cintura, cordões em nó de marinheiro... et voilá, prontos para saltar para o atlântico norte.

Inês disse...

...o melhor mesmo é ter o passaporte à mão. Em caso de acidente é encaixa-lo nos dentes... só para facilitar a identificação!

tiagugrilu disse...

Concordo com o Gigi. Afinal é bem mais provável um acidente de autocarro do que de avião. E pode realmente haver algo a fazer que não simplesmente cair de uma altitude brutal e espatifar-se cá em baixo com o colete posto e bem oxigenadinhos...

Sou só eu, ou também acham que não vale de nada o colete nos aviões? Se no mar quero um colete, se estou no ar quero um pára-quedas ou algo assim... Qualquer dia nos barcos tb começam a distribuir pára quedas.

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=JsgKc6iwi8s
o porquê dos coletes, e sim eles existem debaixo de todos os assentos!
Essa companhia em que a menina viajou parece dúvidosa e não obedecer às normas se realmente os coletes não estavam no sítio!!! :)